No mundo das redes sociais, uma imagem vale mais que mil palavras. Mas será que a presença de pessoas nas fotos que postamos pode afetar como os outros veem esses lugares? Um estudo recente realizado em 2023 nos Estados Unidos trouxe algumas respostas surpreendentes sobre esse tema. Veja abaixo!
Os pesquisadores Zoe Y. Lu, Suyeon Jung e Joann Peck, das universidades Tulane e Wisconsin-Madison, queriam entender como a presença de pessoas em fotos de lugares legais, como destinos de férias ou locais de casamento, afeta a opinião dos usuários. Será que a presença humana torna o lugar menos atrativo?
Para descobrir, os pesquisadores fizeram uma análise gigantesca de 14.725 fotos no Instagram de um influenciador de viagens e também realizaram cinco experimentos controlados. Veja como eles fizeram:
Resultados e descobertas
Veja que interessante as descobertas:
Diferença desse estudo com pesquisas anteriores
Nesta área do consumidor várias pesquisas são constantemente realizadas. Alguns estudos anteriores apresentaram resultados variados sobre o impacto da presença humana em fotos online:
O estudo atual (2024) base deste artigo considera um fator importante que foi negligenciado em outras pesquisas analisadas pelos autores: a necessidade das pessoas de construir e comunicar sua autoidentidade. A formação e expressão da autoidentidade dependem da ativação das redes neurais sociais, incluindo o córtex pré-frontal medial e o lobo parietal, que são encarregados de processar informações sobre si mesmo e os outros. A autoidentidade funciona como uma estrutura que permite às pessoas se situarem dentro de diferentes contextos sociais. Segundo a pesquisa, a presença humana nas fotos afeta as respostas das pessoas porque elas sentem que o lugar ou produto na foto "pertence" a outra pessoa.
Por que isso acontece?
Para entendermos melhor como funciona essa nova perspectiva, ela pode ser entendida sob três dimensões principais:
Além do sentimento de posse, existem outras pesquisas que também exploraram como a presença humana pode afetar negativamente as respostas das pessoas às fotos. Neste estudo de 2024 especificamente, os pesquisadores não mencionaram explicitamente a inveja como um fator que interfere diretamente, mas a percepção de posse alheia pode indiretamente despertar sentimentos negativos relacionados à inveja. Isso reforça a ideia de que o lugar "pertence" a outra pessoa, tornando-o menos atrativo. O sentimento da inveja é frequentemente descrita como um “sentimento de querer o que o outro tem, podendo levar a comportamentos destrutivos em relação ao objeto de desejo ou à pessoa que o possui” (Bastos, 2003). Então, podemos refletir o quanto definir a melhor estratégia para divulgação da empresa é importante.
Sob a perspectiva que a mente humana é uma “caixinha de surpresas” escolher o influenciador errado pode resultar em baixo engajamento, ainda mais se as pessoas sentem que tal pessoa não representa sua maneira de ver a vida. Estudos mostram que quando há uma desconexão entre os valores e o estilo do influenciador e a marca, a mensagem pode não funcionar com o público-alvo e muitas vezes refletir negativamente. Além disso, autenticidade é fundamental. Se o conteúdo do influenciador parecer forçado porque o que ele defende sempre foi diferente do que ele está tentando mostrar, aos olhos do público pode não parecer verdadeiro e isso pode afastar seguidores, diminuir o engajamento e ainda impactar nas vendas da forma não desejada. A escolha de influenciadores que realmente se alinham com os valores da marca e têm uma conexão autêntica com o público é que pode levar a campanhas de marketing mais eficazes e envolventes, trazendo bons resultados.
Assim como a presença de pessoas pode afetar negativamente a percepção de um lugar devido ao sentimento de posse, a escolha de um influenciador que não se alinha com os valores da marca pode prejudicar o engajamento e pontecializar as percepções negativas. Na verdade, as pessoas querem ver a vida como ela é, já é perceptível o movimento de pessoas que não se engajam mais com histórias perfeitas, “o mundo real não funciona assim”. Ambas as situações mostram a importância de entender a psicologia do público-alvo e garantir que as representações visuais (fotos ou vídeos) e os mensageiros (influenciadores) sejam cuidadosamente selecionados para ressoar com o público certo de forma genuína. Como exemplo é o sucesso dos dramas coreanos, as pessoas estão em busca de mais leveza para um mundo caótico.
Podemos aproveitar várias dicas valiosas para os profissionais de marketing observando os estudos:
Será que esses resultados se aplicariam ao Brasil? A cultura brasileira valoriza muito a sociabilidade e a presença humana, então talvez as fotos com pessoas não teriam o mesmo impacto negativo. Estudos de 2021 indicam que no Brasil, a presença humana nas fotos pode até aumentar o engajamento, especialmente em contextos sociais e culturais onde a interação e a conexão são valorizadas. Porém como já dito acima, está começando a surgir um movimento diferente nos usuários de redes sociais que após a pandemia tem se comportado diferente. De qualquer forma, essas diferenças culturais destacam que precisam ser consideradas nas estratégias de marketing a cultura e os valores do público-alvo, ajustando sempre conforme o público e o contexto local.
É ciúme ou inveja?
Para levar você a refletir ainda mais sobre o seu público-alvo, a diminuição do engajamento em fotos com presença humana pode ser explicada tanto pelo ciúme quanto pela inveja. O sentimento de posse que as pessoas têm ao ver uma foto de um lugar de desejo com outra pessoa pode gerar ciúme, pois envolve o sentimento de se sentir ameaçado ou de perder algo. Por outro lado, a inveja emerge quando alguém deseja o que outra pessoa possui, resultando em sentimentos negativos e ações prejudiciais. Ambas as emoções podem ser desencadeadas pela percepção que as pessoas têm sobre o local ou produto exibido na imagem. Assegurar que tanto as fotos quanto os influenciadores estejam alinhados com os valores da marca é crucial para garantir campanhas de marketing eficazes e uma voz autêntica.
Referências